O Território Usado e o Automóvel: o imperativo da fluidez

Por Gustavo Yoshizaki Luizi*

Resumo

O presente artigo discute a importância do automóvel na atual sociedade de consumo, tendo como estudo de campo o município de São Paulo. Este consumo do automóvel se relaciona diretamente com o espaço geográfico e implica em ações que diretamente envolvem o território. O território neste sentido é cada vez mais usado, com o imperativo da fluidez e da velocidade e há diferentes usos sociais.

Introdução

A presente pesquisa busca compreender quais as implicações que o automóvel trouxe tanto para modificar os valores sociais, bem como definir como, por que e de que forma o território é usado. Assim, o estudo de caso da pesquisa é o município de São Paulo, pois acreditamos que é o lugar do Brasil onde o fenômeno automóvel se consolidou de maneira mais concreta.

O automóvel é o objeto capaz de modificar a noção de tempo/espaço, de facilitar o movimento, pois, vivemos na era da rapidez, do frenesi e da velocidade. Contudo, para o estabelecimento dos objetos do imaginário social é necessário uma ação, um discurso. Assim, a existência dos objetos promove a necessidade de novas ações, pois para toda a ação, ideia ou discurso, é necessário a materialidade do concreto.

Dessa forma, o automóvel é considerado um dos maiores símbolos e signos de nosso período, pois é um objeto que faz jus aos paradigmas desse atual momento: transformou-se em objeto-técnico-informacional, capaz de atingir e criar valores que parte da sociedade busca: narcisismo, sofisticação e individualismo.

O automóvel para exercer a sua função necessita de ruas, avenidas, pontes e túneis; assim, foi um dos elementos cruciais para a consolidação da cidade de São Paulo como uma centralidade econômica, social e cultural. Sendo assim, a junção de toda essa infraestrutura viária configura-se como um sistema de malhas que foi essencial para determinar o uso do território, ou seja, um uso em prol da fluidez, do ato de se movimentar.

Contudo, temos comumente a concepção de que esse sistema de malhas que ligam pontos e zonas traz a inclusão. Mas a realidade mostra-se contraditória, pois com as distâncias geométricas cada vez maiores, parcela da sociedade não é incluída neste processo. Portanto, o território neste artigo é pensado como um sistema de ações e sistemas de objetos, sendo, portanto, a materialidade e os valores sociais.

O Território Usado e o Automóvel: o imperativo da fluidez no município de São Paulo

Os objetos são os produtos da elaboração social, fruto e resultado do trabalho, além de tudo aquilo que os agentes sociais utilizam em sua vida, na sua cotidianidade. Para Baudrillard (2008a), a sistematização dos objetos poderia ser feita por uma gama de classificações provenientes: do tamanho; da funcionalidade; do grau de exclusividade e socialização quanto ao seu uso, etc.;

Portanto, há uma dificuldade na conceituação, bem como uma taxonomia do termo objeto, pois, “[..] de fato, todos esses modos de classificação podem parecer, no caso de um conjunto em uma contínua mutação e expansão como é o dos objetos” (BAUDRILLARD, 2008a, p. 10).

Os objetos, antes criados sobre a ação dos agentes sociais sobre a natureza, atualmente podem ser explicados também pela ação sobre o próprio trabalho social, sobretudo, nas cidades. Diante dessa mudança de perspectiva, da ação do homem sobre o próprio trabalho, faz com que os os objetos aumentem-se e modifiquem-se, portanto:

A grande distinção entre o hoje e o ontem é que antes os objetos eram poucos numerosos, viviam em comunhão conosco e nos eram subordinados. […] Hoje, vivemos junto com os objetos técnicos, eles se apoderam do nosso cotidiano, mas com eles a nossa interação é prática, mas não profunda. (SANTOS, 1999, p. 171).

Os objetos, na atual conjuntura, são dotados de tecnociência, isto é, a sua concepção é baseada na pesquisa e na ciência. Além disso, o objeto por si só é portador de informações, ou seja, no ato da sua concepção são agregadas informações que incidem diretamente na sua funcionalidade. Assim, já não é possível trabalhar e/ou operar os objetos técnicos sem o comando da informação.

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Kia Cerato 2010. Imagem: Wikipedia.

Portanto, diante dessa conjuntura, o automóvel conseguiu aliar toda a técnica-informação. Como pode ser visto em diversos anúncios corriqueiros das firmas automobilísticas, caso, por exemplo, da Kia Motors que diz: “Novo Cerato, estilo e desempenho. […] conforto, segurança, tecnologia, performance, funcionalidade, baixo consumo”. (KIA MOTORS, 2010).

Na propaganda¹ é ressaltada não somente a funcionalidade que o automóvel possui, a priori, de ser um objeto encurtador da noção temporal, mas também demonstra a transformação em objeto técnico. Pois, ao olhar pelos itens que o carro contém, é nítido que a sua funcionalidade não se restringe apenas ao deslocamento e ao movimento.

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Kia Cerato 2010. Crédito: Aero7. Imagem: Wikipedia.

Contudo, por vivermos na era da velocidade e  do tempo acelerado, o automóvel nesse sentido, com seu caráter libertário de movimentos com menos esforço, traveste seu possuidor de poder, individualismo e status. A ideia de não perder um minuto sequer é recompensadora, é capaz de modificar a vida do homem, sendo, portanto, uma realidade vivida.

O objeto técnico é capaz de modificar a noção de espaço/tempo. Para Baudrillard (2008a), diante desse quadro, o automóvel representa um dos maiores signos, símbolos de nossa era. Pois, além de modificar os valores sociais, é responsável diretamente pela indução da expansão das cidades, da metrópole.

Sendo assim, corroboramos com a ideia de Milton Santos (1999) que entende o automóvel como uma extensão do corpo do homem, como uma prótese, a contemplação do lar, um objeto capaz de transmitir um sentimento de intimidade.

O paradigma que o automóvel encontra-se traz consigo suas consequências, principalmente no que se refere aos níveis de seu consumismo. Segundo o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), até o mês de agosto de 2010 o município de São Paulo possuía uma frota de 4.584.578 milhões de veículos. A estimativa populacional do município no ano de 2009, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é de 11.037.593 milhões de pessoas; tais dados dariam o seguinte diagnóstico: em média de 1 automóvel para cada 2,40 de pessoas.

Portanto, esta grande frota de automóveis leva-nos a usar um conceito defendido por Jean Baudrillard (2008b) que seria a Sociedade de Consumo. A sociedade vista dialeticamente através da história modificou-se, já que antes as relações sociais eram feitas entre os homens. Atualmente, essas relações são feitas com os objetos como mediadores. Somos diariamente cercados pelos objetos, tanto na esfera domiciliar com dezenas de ajudantes técnicos, como nas atividades profissionais, no aparato de infraestrutura urbana.

Portanto, o automóvel modifica nossa noção de tempo, torna-se um desejo, um bem de consumo almejado por uma grande parcela da sociedade, pois o discurso reforça que só com a posse dele é possível encontrar a felicidade, num tempo social cada vez mais acelerado. O mito da felicidade é, portanto, um dos parâmetros para definir a Sociedade de Consumo:

A força ideológica da noção de felicidade não deriva da inclinação natural de cada indivíduo para realizar por si mesmo. Advém-lhe, sócio-historicamente, do facto de que o mito da felicidade é aquele que recolhe e encarna, nas sociedades modernas, o mito da igualdade. Toda virulência política e sociológica […] foi transferida para a felicidade […] para ser o veículo do mito igualitário, é preciso que a felicidade seja mensurável (BAUDRILLARD, 2008b, p. 49).

Contudo, para Bauman (2008), é preciso fazer uma distinção entre consumo e consumismo. Dessa forma, o consumo é ima característica e uma ocupação inerente ao ser humano como indivíduos, isto é, para a sua sobrevivência², para a realização da vida. Já o consumismo é essencialmente social, um atributo que pode classificar a capacidade individual de querer, desejar, almejar bens materiais e imateriais.

Logo, a esse consumismo o papel central da felicidade não é o fato da aquisição dos objetos. O papel principal está no volume e intensidade de desejos que a busca da felicidade/igualdade proporciona. Assim, essa busca impulsiona a fabricação de novos produtos, o que vai implicar na rápida substituição dos mesmos; ou, como Bauman (2008) diz, na “obsolescência embutida”, isto é, os objetos bis duas atuais possuem uma data de validade para ficarem obsoletos e/ou ultrapassados tecnologicamente.

Porém, para a aquisição (consumo) dos objetos técnicos é necessário um discurso; e para esse discurso é preciso uma ação. O homem, como um ser que possui consciência de si mesmo, é passível de produzir uma ação, pois essa necessita de um objetivo, uma finalidade e uma intencionalidade.

Assim, podemos dizer que o discurso (ação) utilizado pelas indústrias automobilísticas remete à novidade, ao exercício do consumismo, com carros cada vez mais dotados de técnica-informação. Como revela Milton Santos: “[…] esse grande dado do nosso tempo. Pelo simples fato de viver, somo, todos os dias, convocados pelas novíssimas inovações” (SANTOS, 1999, p. 181).

O sistema de objetos dialeticamente condiciona o sistema de ações pela sua materialidade. Portanto, uma ideia, um discurso, um desejo necessita do concreto, da matéria, da objetividade. Com isso, há uma intencionalidade nesse processo que cria uma espécie de ligação entre o objeto e os atores sociais. Para Milton Santos (1999), o espaço geográfico é cada vez mais interpretado pela abstração. Em contrapartida, esse mesmo espaço geográfico serve como base econômica e social para a realização da vida. O espaço, além de uma abstração, também é “[…] uma instância da sociedade, […] a instância da economia e a instância cultural-ideológica […] isso quer dizer que a essência do espaço é social” (SANTOS, 2008, p. 12).

Assim, os conceitos de tecnosfera e psicosfera são dois pilares do espaço geográfico, pois expressam um produto e, ao mesmo tempo, um valor da sociedade, geralmente em escala maior que o lugar, possuindo uma dimensão mais ampla, mostrando a incidência do global no local.

Logo, esses dois conceitos revelam o caráter de abstração e social do qual o espaço geográfico é dotado. A psicosfera, em especial, traz uma opção para o entendimento dos valores sociais, principalmente no que se refere ao quadro de consumo desenfreado. Pois, psicosfera, segundo Milton Santos, é: “[…] reino das ideias, crenças, paixões e lugar de produção de um sentido, […] estimulando o imaginário” (SANTOS, 1999, p. 204).

É então à psicosfera: o reino das ideias e dos desejos, com a sua capacidade de estimular o imaginário, refletir na sociedade como uma espécie de impulsionador para que esses objetos sejam consumidos, desejados, imaginados.

Além disso, o instrumento de operacionalização do consumo mostra-se na forma da criação de imagens. O meio pelo qual essas imagens são produzidas cabe à publicidade e à propaganda na vida quotidiana. Para Everardo Rocha “[…] a publicidade é o passaporte, visto de saída da produção e de entrada ao consumo” (ROCHA, 2010, p. 89). É nítido o elo, a ação que a publicidade consegue exercer para ativar o mercado que incide diretamente na produção e, posteriormente, acende o consumo.

Dessa forma, é importante salientar os parâmetros, os valores sociais, pois só assim é possível compreender o dinamismo geográfico, sobretudo pelo elemento social que o espaço geográfico é dotado. Assim, o consumismo, como categoria de análise, mostra-se necessário dentro da Geografia, pois vai refletir diretamente na estrutura espacial e no território.

O espaço geográfico contém um nível de abstração, ratificado no presente artigo. Com isso, a materialidade é essencial. Sendo assim, é necessária a invocação de outro conceito. Portanto, concordamos com Raffestin (1993), pois:

“[…] é essencial compreender bem que o espaço é anterior ao território. O território se forma a partir do espaço, é o resultado de uma ação conduzida por um ator […] em qualquer nível. Ao se apropriar de um espaço concreto […], o ator ‘territorializa’ o espaço” (RAFFESTIN, 1993, p. 144).

A materialidade do território é exatamente definida sob a luz das referências das relações sociais, além do contexto histórico ao qual está inserido. A relação sociedade-território tem de ser relativizada, pois o território ora participa como ator, ora como objeto de uma ação, constituindo assim, uma ação dialética.

O território age como ator na medida em que é um híbrido, possui caráter mutável, pode ou não, de acordo com o meio natural e com a técnica, ser um facilitador de processos globais. Já como objeto direto de uma ação, mostra-se passível a estruturações de acordo com todas as múltiplas dimensões, sejam elas econômicas, culturais (simbólicas) e políticas.

Portanto, o que nos interessa aqui é o seu uso, em como e por que os seus movimentos, sua constituição, enfim, de qual forma o território é usado. Ratificando novamente que “[…] o território é usado como objetos e ações, sinônimo de espaço humano” (HAESBAERT, 2010 apud SANTOS, 1994a, p. 59).

Como apresentamos anteriormente, o uso do território na condição de um sistema de objetos e ações sobre a ótica do automóvel remete a ideia de movimento, do conceito de fluidez, que traduz esse frenesi da velocidade.

A fluidez abarca “[…] a circulação de ideias, mensagens, produtos ou dinheiro, interessando aos atores hegemônicos” (SANTOS, 1999, p. 218). Porém, para Claude Raffestin, a fluidez é tratada como circulação: “[…] falaremos de circulação cada vez que se trate de transferência de seres e bens” (RAFFESTIN, 1993, p. 201).

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Ponte Octávio Frias de Oliveira, a Ponte Estaiada de São Paulo. Um dos principais cartões postais da cidade, onde só passa carro. Foto: Pétria Chaves.

Dessa forma, o automóvel “impôs” ao território a necessidade de fluidez ou circulação de maneira bastante visível nas grandes cidades. Esse objeto técnico necessita de ruas, avenidas, auto-estradas, formando um verdadeiro sistema automobilístico. Assim, Francisco Capuano Scarlato ratifica que “[…] o automóvel […] reformulou a fisionomia das cidades: grandes vias expressas, as vias elevadas, túneis e pontes”; além disso, como parte desse sistema, foi necessário “[…] garagens, enormes pátios de estacionamento e postos de abastecimentos” (SCARLATO, 1987, p. 98).

O conjunto de todas as ruas e avenidas remete-se à ideia de um sistema de malhas, que pode ser classificado como “[…] a distância se refere à interação entre diferentes locais. Pode ser uma interação […] econômica […] social que resulta de jogos de oferta e de procura […] isso conduz ao sistema de malhas” (RAFFESTIN, 1993, p. 151).

Segundo dados de São Paulo (Município), a extensão do sistema de malhas municipal conta com 17.289 km mostrando o quanto a frota de automóveis foi indutor para essa concepção do território usado em constante movimento, velocidade e fluxo. Se de um lado o automóvel foi responsável em encurtar a noção de tempo entre as distâncias, em pontos e linhas, em contrapartida trouxe necessariamente um distanciamento físico entre o domicílio, local de trabalho, áreas de lazer, enfim, todas as atividades para a realização da vida. Dessa forma, o ato de se movimentar mostra uma necessidade permanente.

Assim, temos a falsa sensação de que, se o tempo e a noção de distância foram reduzidos, há inclusão de toda a sociedade, portanto:

A ideia de que o mundo só se explica pela razão e o produto da razão relaciona-se à distância. Assim, diminuindo as distâncias produziríamos a inclusão. Todavia, nosso período histórico está mostrando o fracasso dessa ideia. A diminuição técnica das distâncias (tempo, custo, percepção), que sob certas circunstâncias hoje assistimos, não assegura a inclusão. (SILVEIRA, 2005, p. 85).

Nesse sentido, o automóvel foi responsável também pela separação entre as classes sociais, pois certas distâncias geométricas só são possíveis de serem realizadas com a posse desse objeto técnico. Assim, toda a infraestrutura tais como vias, túneis e pontes ficam restritas e  sem acesso possível para grande parcela da sociedade, há desigualdades nos usos e acessos. Sendo assim, para Milton Santos (2009), as classes populares apresentam um relativo quadro de imobilidade, pois:

As vítimas da imobilidade, e esta, é causada pela pobreza e baixos salários, resulta, também, nas condições do lugar de residência que, na cidade, cabem aos mais pobres. Como os pobres se tornam praticamente isolados ali onde vivem, podemos falar da existência de uma metrópole verdadeiramente fragmentada (SANTOS, 2009, p. 99).

Dessa forma, é possível afirmar que o automóvel, como objeto técnico é reflexo dos sistemas de objetos e ações. Esses são os dois pilares do espaço geográfico e o território, nesse sentido, é a materialização do espaço geográfico. Portanto, diante dessa dinâmica, o território é usado sobre a premissa da velocidade, do imperativo da fluidez e da mobilidade relativa.

Considerações Finais

A análise do automóvel e os desdobramentos de seu uso podem ser observados tanto no território, quanto no cotidiano da cidade de São Paulo. O automóvel, como diversos outros tipos de objetos, se modificam, sobretudo, pelo desenvolvimento da técnica. Assim, o motorista com a sua posse sente-se realizado, pois, como visto, a mobilidade urbana é uma exigência para a realização da vida nas grandes cidades e, além disso, pe saciado o desejo de consumismo, a busca pela felicidade/igualdade que formam um dos pilares da atual sociedade de consumo.

Dessa forma, há uma relação dialética entre a cidade e o automóvel, uma solidariedade, ainda mais numa cidade como São Paulo, uma centralidade econômica que privilegiou o transporte individual em detrimento do coletivo.

Contudo, com as distâncias aumentadas, parte da sociedade que não possui esse objeto técnico vê-se excluída da ilusão da mobilidade e facilidade, principalmente as classes socioeconômicas mais populares, pois a cidade fragmentou-se em territórios especializados. Portanto, essa parcela da sociedade encontra-se num quadro de relativa imobilidade tanto social, como de locomoção, já que as ações privilegiaram a mobilidade individual em detrimento do espaço para todos.

*Gustavo Yoshizaki Luizi: Geógrafo formado pela Universidade Cruzeiro do Sul. Na época do artigo, cursava o último ano do bacharelado. 

¹. Conforme diz Richers (1982), o marketing é uma atividade voltada à busca e realização, visando a benefícios específicos; assim, essa definição baseia-se na troca e intercâmbio com a sociedade. Podendo ser objetos tangíveis (como bens de consumo e dinheiro) ou intangíveis (como serviços ou ideias).
². Referimos-nos à noção de que o consumismo, conforme diz Bauman (2008), se reduzido ao processo metabólico (ingestão, digestão e excreção), portanto, na obtenção de energia essencial para o corpo humano. Sendo assim, o consumo é inseparável da sobrevivência biológica do ser vivo.

Referências

BAUDRILLARD, Jean. O sistema de objetos. São Paulo. Perspectiva: 2008a.

_______________. A sociedade de consumo. Lisboa. Edições 70: 2008b.

BAUMAN, Zygmunt. Vida para o Consumo: a transformação das pessoas em mercadorias. Rio de Janeiro. Zahar: 2008.

DEPARTAMENTO NACIONAL DE TRÂNSITO (DENATRAN). Frota de 2010 – Disponível em: http://www.denatran.gov.br/frota.htm – acessado em 19/10/2010.

HAESBAERT, Rogério. O mito da desterritorialização: do “fim dos territórios” à multiterritorialidade. Rio de Janeiro. Bertrand Brasil: 2010.

KIA Motors. Disponível em: http://www.kiamotors.com.br – acessado em 19/10/2010.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Estimativa populacional para os municípios brasileiros. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/estimativa2009/default/shtm – acessado em 19/10/2010.

SANTOS, Milton. A Natureza do Espaço: técnica e tempo, razão e emoção. São Paulo. Hucitec: 2008.

____________. Espaço e Método. São Paulo. Edusp: 2008.

____________. Metrópole Corporativa Fragmentada: o caso de São Paulo. São Paulo. Edusp: 2009.

SCARLATO, Francisco Capuano. Metropolização de São Paulo e o Terceiro Mundo. São Paulo. Iglu: 1987.

SILVEIRA, Maria Laura. Espaço geográfico: da perspectiva geométrica à perspectiva existencial. Revista Geousp. São Paulo, nº 19, 2006. Disponível em: http://www.geografia.fflch.usp.br/publicacoes/geousp/Geousp19/Artigo_MLaura.pdf&gt. – acessado em 20/05/2010.

RAFFESTIN, Claude. Por uma Geografia do Poder. São Paulo. Ática: 1993.

RICHERS, Raimar. O que é marketing. São Paulo. Brasiliense: 1982.

ROCHA, Everardo P. Guimarães. Magia e Capitalismo: um estudo antropológico da publicidade. São Paulo. Brasiliense: 2010.

Uma breve História da Sistematização da Geografia

Por Lucas Rocha

A forma como entendemos hoje a Geografia passou por diversas mudanças até se estruturar da forma científica como é reconhecida atualmente. Os fundamentos teóricos e metodológicos surgiram no século XIX, no território tido hoje em dia como Alemanha, assim como outras ciências modernas tais como a Sociologia, Antropologia, Biologia, etc.

Entretanto, o tido “conhecimento geográfico” esteve já entre pensadores há muito mais tempo, remetendo-se os primeiros registros ao período da Grécia Antiga. De acordo com Moraes (2007), esse conhecimento era disperso e não apresentava pressupostos de método necessários para serem continuados por uma determinada linha de raciocínio. Dessa forma, ao longo da Antiguidade Clássica, os conceitos da relação entre o homem e seu meio já começaram a ser analisados, todavia, os principais destaques relacionados à produção geográfica voltaram-se para descrição das formas terrestres, estudos sobre meteorologia, descrições regionais e mapas razoavelmente precisos. Alguns pensadores se destacaram tais como Tales, Anaximandro, Estrabão, Heródoto, Eratóstenes, Hipócrates, Aristóteles e Cláudio Ptolomeu.

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Representação do mundo de acordo com Estrabão, por volta do século I d.C. Detalhes para a costa do Mar Mediterrâneo, cheia de detalhes e bem mensurada. Já os confins dos três continentes ainda não eram muito conhecidos pelo autor, porém é de se admirar tal produção há 2000 anos, aproximadamente. Imagem: Wikipedia.
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Este mapa consiste em um manuscrito do século XV, o qual reproduz o mapa múndi conforme Ptolomeu, no século II d.C. É interessante notar um maior detalhamento dos contornos dos continentes, principalmente o europeu. Também, destacam-se, com um pouco mais precisão, os principais rios e alguns países tais como “Sinae” (China), no extremo leste, a ilha de “Taprobane” (Sri Lanka), um pouco mais centralizado a sudeste e “Aurea Chersonesus” (península da Malásia), a sudeste. Créditos: Francesco di Antonio del Chierico. Imagem: Wikipedia.

Ao longo da Idade Média, o conhecimento geográfico continuou a ser produzido de forma fragmentada, porém importantes obras tais como a de Bernhardus Varenius, já no século XVI, são destacadas como um dos fundamentos da teoria de Newton (MORAES, 2007). Fora do continente europeu a produção geográfica também se desenvolveu de forma interessante com destaques para intelectuais tais como Muhammad Al-Idrisi, o qual desenvolveu conceitos de cartografia consideravelmente avançados para a época e produziu mapas bastante precisos do norte da África, sul da Europa e Oriente Médio, e Ibn Khaldun, considerado por muitos como o “Pai da Economia”, seus estudos foram percursores de diversas áreas do conhecimento humano e tiveram impacto em futuras produções de caráter geográfico.

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“Tabula Rogeriana”, de Muhammad Al-Idrisi, feito sob encomenda para o rei Roger II, da Sicília, no século XII. Considerado um dos mapas mais detalhados da Antiguidade. Embora seus contornos não estejam tão precisos quanto os mapas gregos, este tem muito mais informações sobre a Ásia, África e Europa, tornando-o um instrumento valioso. Imagem: Wikipedia. 

Embora haja notáveis obras geográficas produzidas em diferentes civilizações e no decorrer da Antiguidade até a Idade Média, não existia até então um padrão contínuo de análises de Geografia. O geógrafo Antônio Carlos Robert de Moraes (2007) indica que as condições históricas da sistematização do conhecimento geográfico começaram a se estabelecer a partir do início da constituição do modo de produção capitalista no globo. Logo, ao passo em que se começou a ter a real dimensão das distâncias, assim como dos continentes e também um conhecimento básico sobre diversos povos, seus costumes e suas culturas, a Geografia passa a ter maior necessidade de se legitimar como um conhecimento fundamental.

Essas condições se iniciaram no final da Idade Média e início da Idade Moderna. Elas foram incentivadas pela então burguesia europeia em busca de aumentar suas relações de poder econômico através da conquista territorial. Pela primeira vez na história humana é possível se indicar os pressupostos da constituição de um espaço mundializado, caracterizado pela relação direta entre territórios fisicamente distantes no globo, porém econômica e politicamente ligados mediante a um processo produtivo destinado ao consumo em regiões remotas (MORAES, 2007).

Portanto, na medida em que o processo mercantilista se consolida, o arcabouço de informações geográficas sobre os diversos continentes se expande, assim como o conhecimento sobre as populações nativas de diferentes lugares, o entendimento sobre suas culturas e práticas. Formam-se as condições básicas para que se pudesse pensar nas primeiras teorias do pensamento geográfico, propriamente ditas.

O campo filosófico também foi responsável por fomentar um ambiente crítico necessário para se enfatizar a legitimidade da ciência geográfica. Esse mesmo período se caracterizou por reafirmar o conhecimento científico e valorizar a racionalidade humana, a qual buscava entender os fenômenos através do senso crítico e investigatório, não aceitando dogmas teocráticos impostos pela Igreja Católica até então na Europa. Diversos filósofos desenvolveram também reflexões acerca da relação do homem com o espaço, sua influência no meio e questões sobre a evolução das sociedades, com destaque para Kant, Liebniz e Hegel.

O campo da Economia e Política no período iluminista contribuiu, de certa forma, para a necessidade de se obter maior conhecimento sobre a sociedade e seu território em termos físicos afim de se construírem os conceitos que norteariam o gerenciamento do Estado, assim como seus recursos. É possível se verificar temas geográficos presentes em obras de Montesquieu, Russeau e mesmo Malthus e Adam Smith (MORAES, 2007).

Porém, é no campo da Biologia que a ciência geográfica se fundamenta com maior legitimidade. Através da Teoria do Evolucionismo, propostas por Darwin e Lamarck, a qual indica a importância do meio para a sobrevivência das espécies mediante o processo de adaptação, o conhecimento geográfico torna-se, portanto, fundamental para se entender a formação do meio físico e das sociedades (MORAES, 2007).

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“A Origem das Espécies”, de Charles Darwin. Edição de 1859. Livro que revolucionou o conhecimento científico da época e ajudou a legitimar a Geografia através dos conceitos da influência do meio sobre o homem, ao passo que também influenciou os primeiros geógrafos por meio de uma visão naturalista da sociedade. Imagem: Wikipedia. 

O processo de nascimento e consolidação da Geografia como ciência está, pois, intrinsecamente relacionado ao processo de expansão do capitalismo na Europa. O início da Geografia como ciência moderna possibilitou o estudo e o agrupamento de informações sobre os mais diferentes lugares do planeta, por outro lado, legitimou o colonialismo europeu, seja através do conhecimento de recursos naturais necessários para impulsionar a industrialização europeia, seja através dos grandes equívocos difundidos na época sobre o determinismo geográfico, responsável pela crença da superioridade racial de determinados povos sobre outros.

A Geografia em seu começo foi um instrumento da burguesia, que possibilitou o domínio das relações capitalistas no mundo mediante a expansão de um modo de produção e exploração global. A burguesia, que desde o final da Idade Média lutava ideológica e politicamente contra os resquícios do feudalismo, se consolidou como a grande vencedora e constituiu a formação dos Estados modernos. Assim, a ciência geográfica foi usada no intuito de satisfazer interesses específicos das classes que constituíam o poder político-militar do Estado e as classes que possuíam poderes econômicos, ou seja, os modos de produção capitalista (SANTOS, 2012).

A princípio, muito influenciada pelo conteúdo das teorias evolucionistas, a Geografia adquiriu um viés naturalista. O método de análise empregado pelos primeiros geógrafos consiste em uma visão bastante positivista, cartesiana e sistêmica. Ou seja, para se consolidar como ciência, os primeiros geógrafos utilizavam métodos construídos a partir das ideias de Auguste Comte, as quais valorizavam a evolução do pensamento religioso para o racional, valorizavam a observação e a descrição como fatores básicos da relação sujeito – objeto como ciência legítima.

Já a visão cartesiana se dava pelo fato da busca da observação e divisão do objeto até a mínima parte, sendo assim possível estudar e aprofundar os conhecimentos nos seus meros detalhes. Tal método, bastante empregado na Biologia, é importante, porém a visão atomística introduzida por Descartes dificulta, por outro lado, o entendimento holístico de determinado fenômeno, sendo perigoso esse tipo de análise para outras ciências como a Geografia.

A visão sistêmica fundamenta-se através das ideias do filósofo alemão Friedrich Schelling, o qual fomenta a visão da natureza como um organismo, composto por diferentes sistemas que se relacionam. Esses conceitos vigoram nas obras dos primeiros geógrafos, com destaque para os considerados “pais da Geografia”, os alemães Alexander von Humboldt e Karl Ritter.

A Geografia do ontem, a Geografia do hoje

A Geografia, ciência “nascida no decorrer do triunfo da burguesia”, conforme escreve Jean Dresch (1949, p. 88), marcou sua história através dos interesses colonialistas da Europa do século XIX. Uma ciência que, por um período considerável, legitimou a exploração de povos e regiões, hoje é a ciência que busca entender o espaço através da interação da sociedade e do seu território.

A ciência, que antes serviu como meio de conquistar riquezas, hoje mostra para o mundo os absurdos da desigualdade geradas pela concentração de renda. A ciência que nasceu do seio daqueles que enriqueceram às custas da alienação do trabalho, hoje é a ciência que busca refletir sobre as condições dos povos, mapear os fenômenos e analisá-los de forma crítica para a sociedade. 

Temos orgulho de nossa ciência, a Geografia, sabemos da importância que ela tem e do seu papel em prol da justiça social e das diminuições das desigualdades socio-espaciais. É importante sim sabermos da história dela afim de que não cometamos os mesmos erros do passado no sentido de usá-la de modo acrítico ou descontextualizado. A Geografia é uma ciência poderosa, estratégica, porém seu conhecimento deve servir a todos!

A proposta é, aos poucos, mostrarmos mais sobre a História da Geografia. Postaremos mais textos específicos sobre as correntes da Geografia moderna até as atuais, assim como faremos publicações mostrando um pouco melhor sobre alguns geógrafos importantes em cada uma dessas fases. Aproveitem a leitura!

Referências:

MORAES, Antônio Carlos Robert de. Geografia: Pequena História Crítica. Annablume Editora, 21ª Edição. São Paulo: 2007.

SANTOS, Milton. Por uma Geografia Nova: Da Crítica da Geografia a uma Geografia Crítica. Edusp. 6ª Edição. São Paulo: 2012.

Afinal de contas, o que é Geografia?

Por Lucas Rocha

 

Se você, assim como eu, é formado em Geografia ou está cursando a graduação, certamente já deve ter escutado: “ah, você faz Geografia, legal, então você é o quê? Geólogo?”. Ou então, é muito recorrente as pessoas acharem que você é um atlas ambulante, que decorou as capitais de todos os países, reconhece todas as bandeiras, e assim por diante. Aí você responde que isso não é Geografia e tenta achar maneiras de explicar… Pois é, isso acontece com todos nós e pode ter certeza: você não é o único, venha cá, te daremos um abraço!

Mas, afinal de contas, o que é Geografia? De fato, é um conceito bastante complexo com diferentes interpretações ao longo do tempo. Para muita gente leiga, que não é da área, a Geografia é apenas uma descrição básica do nosso território, como normalmente encontramos na maioria dos atlas, enciclopédias e guias escolares por aí. Informações sobre um país, o quanto de área ele possui, qual a sua capital, os pontos mais altos, quais são os rios, etc. Mas isso não é Geografia? Não. Isso são dados geográficos, ou melhor, eu diria dados territoriais.

A visão “natural” da Geografia Clássica advém de uma forte influência da Biologia juntamente com alguns conceitos filosóficos que estavam em voga num momento de nascimento e valorização de algumas ciências humanas e biológicas, no século XIX. Conforme a Geografia se consolida como ciência moderna, as primeiras produções continham um caráter naturalista, cujo método orientava a observação e a descrição da paisagem e seus elementos “friamente”, distanciando-se, assim, sujeito e objeto de análise e atentando-se para as características físicas da paisagem, como montanhas, as árvores, os rios, etc.

Montanhas_wikipedia
Exemplo de paisagem característica da análise feita na Geografia Clássica. O sujeito analisa os objetos (montanhas, a floresta, o lago), descreve suas formas e analisa a relação sistemática entre eles. Foto: Autor desconhecido. Fonte: Wikipedia.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Curiosamente, conforme o desenvolvimento da ciência geográfica ao longo do tempo, mesmo ela servindo ao Estado como ferramenta de estudo e análise da população e do território para o ordenamento espacial, ainda que tenha adquirido um caráter mais pragmático através do método teórico-quantitativo, certos atributos originados de sua formação naturalista e positivista permaneceram aparentemente inalterados.

Por isso, ainda hoje é observável que em diversas aulas de Geografia, ainda no ensino básico, esta ciência se tornou sinônimo de “decorar capitais”. A valorização da descrição fria dos atributos físicos da terra, sejam eles rios, mares, oceanos, cordilheiras, desertos, florestas, e atributos políticos como capitais, estados e países, sem qualquer profundidade crítica se tornou comum no ensino de Geografia e afastou o interesse de muitos alunos desde cedo.

Infelizmente, esta é uma marca histórica da ciência geográfica que, desde seus primórdios, incorporou elementos de outras ciências com a pretensão de se afirmar como tal (SANTOS, 2012), entretanto, ironicamente, não incorpora as mudanças que a própria ciência fez sobre si mesma no ambiente acadêmico, pelo menos em grande parte dele. Muito se deve a mecanismos elencados pelo Estado, como promotor da educação pública. Ao que se parece, sobretudo num Estado neoliberal, existem determinados interesses coordenados entre diferentes agentes em deixar inalterado esse quadro de alienação pela massa de estudantes – e, neste caso, a “geografia” teria papel importante – cujo objetivo é a manutenção do desinteresse da maioria dos alunos em uma matéria cansativa e “de decoreba”.

Evidentemente, o conhecimento geográfico é importante. Saber a localização das coisas, dos países, dos elementos do meio físico, das capitais é fundamental para se situar no mundo e entender a lógica de certos fenômenos. Contudo, é necessário, desde cedo, se estimular o raciocínio crítico e a construção de associações, entre os territórios e as sociedades, afim de se desenvolver uma ciência que fomente a reflexão e a crítica de mundo.

World_upside_down
Parte do conhecimento crítico é entender que, em um globo, não existe “lado certo”. A priori, o mapa que estamos convencionados a ver – eurocêntrico – foi útil para a expansão das grandes navegações no sentido de manter uma certa precisão dos deslocamentos das caravelas através da projeção de Mercator. Porém, existem estudos que apontam na escolha desses mapas com o sentido implícito de manutenção de poder centrado na Europa e América do Norte, enquanto que países pobres se localizam sempre nos lados inferiores do mapa, subordinados. Conforme Milton Santos, “o centro do mundo é onde você está”. Imagem: NASA. 

Os estigmas que a Geografia leva têm origem em sua história como ciência. Portanto, para se entender melhor os pressupostos que levaram a sua criação, sugiro a leitura do próximo artigo que aborda a sistematização dessa ciência e os interesses responsáveis por sua consolidação.

Para saber mais: 

O seriado “The West Wing” apresenta, no episódio “Cartographers for social equality” (Cartógrafos pela igualdade social), uma cena bastante interessante que discute os efeitos subliminares das projeções cartográficas que estamos habituados a ver. Vale a pena conferir e reflita, tire suas conclusões e comente em nosso blog: The West Wing – Cartographers for Social Equality

Referência:

SANTOS, Milton. Por uma Geografia Nova. 6ª Edição. São Paulo. Edusp: 2012.

 

 

Reflexão e crítica através do olhar geográfico

Caros internautas,

Fico muito contente em iniciar este blog geográfico, o qual espero que seja um canal de promoção de experiências ricas tanto para mim, quanto para vocês acerca de reflexões e críticas de fatos do cotidiano analisados sob o prisma de conceitos geográficos.

Em breve e aos poucos colocarei conteúdos que abordarão diversos temas atuais. Serão temas polêmicos e interessantes, os quais certamente despertarão o debate de ideias entre os que concordam e os que não concordam. Desejo que todos os que participarem com seus comentários, que analisem antes sobre o que irão comentar e exponham suas ideias de forma respeitosa, sem ofensas, para assim mantermos um ambiente rico e democrático de debate.

Procurarei enriquecer os conteúdos aqui disponíveis contando com o auxílio de pessoas próximas, no sentido de promover reflexões de alto nível e dar voz aos que têm maior conhecimento de causa. Espero que aprendamos a ser mais empáticos a entender as ações e os sentimentos daqueles que sofrem pelo que não sofremos, daqueles que vivem o que não vivemos e assim, desconstruirmos possíveis preconceitos que nos cercam.

Os textos, que em breve aparecerão aqui, serão construídos sob rigor acadêmico, respeitando-se a teoria e o método empregados. Os conceitos de terceiros, assim como citações, deverão constar o autor e a fonte, de modo a mantermos a ética e respeitarmos as produções e os direitos de propriedade intelectual. O intuito aqui é estritamente a difusão do conhecimento, a reflexão e a crítica.

Para finalizar, gostaria de enfatizar que os textos refletirão posições ideológicas claras. É perfeitamente natural que haja discordância por parte do leitor e entendemos que isso é bom, pois o leitor está convidado a construir argumentos que defendam seu ponto de vista. Dessa forma, também é natural que haja mudanças de postura, se assim eu entender que estou errado ou que não tenho conhecimento suficiente sobre determinado tema. Conhecermos nossas limitações e aprendermos com nossos erros são passos importantes para o nosso crescimento e desenvolvimento.

Desejo a todos e todas uma ótima leitura! Que haja reflexão e desconstrução de paradigmas!

Lucas Rocha